O que foi a Revolução Francesa?
A Revolução Francesa foi um período de dez anos (1789-1799) de revoluções e mudanças na França, que derrubou o regime absolutista (Antigo Regime).
A revolta foi causada pelas consequências de uma grande crise que o país enfrentava, que atingia as relações políticas, sociais e econômicas, causando muita desigualdade social.
Os ideais da revolução foram inspirados no Iluminismo (movimento que criticava o regime absolutista e o excesso de privilégios dos membros do clero e da nobreza). Essas ideias influenciaram principalmente a burguesia, que se uniu ao povo para lutar contra o Antigo Regime.
Quais as principais causas da Revolução Francesa?
A Revolução Francesa não aconteceu por um único motivo. Pelo contrário, o país enfrentava muitos problemas, que foram deixando os franceses cada vez mais desapontados com o governo.
As principais causas foram:
- muita desigualdade social: os membros do clero e da nobreza tinham muitos privilégios, enquanto os trabalhadores viviam em situação de pobreza;
- o país estava atrasado nos avanços trazidos pela Revolução Industrial e tinha evoluído pouco no processo de industrialização;
- queda da popularidade do rei, que era considerado indeciso e fraco, pois cedia aos apelos do clero e da nobreza, deixando o povo em situação de miséria;
- a França havia perdido guerras alguns anos antes e por conta disso teve grandes prejuízos financeiros;
- insatisfação popular com o Antigo Regime da monarquia francesa;
- a economia francesa estava atrasada em comparação a outros países europeus (ainda era baseada na agricultura e no feudalismo);
Resumo da Revolução Francesa
Para entender melhor essa revolução, é preciso conhecer um pouco do contexto político, econômico e social da França no final do século XVIII.
O país vivia sob um regime absolutista, e era governado pelo Rei Luís XVI. Quando a Revolução começou, o rei já governava há 15 anos. A sociedade francesa da época era dividida em três estados (classes sociais):
- 1º estado: clero (membros da igreja);
- 2º estado: nobreza;
- 3º estado: burguesia, trabalhadores e camponeses.
Nos anteriores à revolução, a França tinha perdido muito dinheiro pelo envolvimento em guerras, como a Guerra da Independência dos Estados Unidos (1775-1783), e as dívidas do governo não paravam de crescer. A inflação só aumentava e quase metade do orçamento do país era usado para pagar a dívida francesa.
A situação financeira era tão grave, que existia o risco de falência. A agricultura, que ainda sustentava grande parte da economia do país, também deu prejuízos nesse período.
Mesmo com todas essas perdas, o rei não diminuiu os privilégios das classes mais altas (como isenção de impostos e cobrança dos tributos feudais), deixando a maior parte do povo francês em situação de miséria.
No meio dessa crise começa a nascer a ideia de uma reforma fiscal, que cortasse os privilégios dos estados privilegiados e pudesse reequilibrar a economia e a sociedade francesa.
A formação das Assembleias dos Notáveis e dos Estados Gerais
Para tentar resolver a crise por meio de uma reforma fiscal na França, o rei convocou a Assembleia dos Notáveis, em 1787. A Assembleia era formada por membros do clero e da nobreza, que não aceitaram abrir mão de seus privilégios.
Para tentar resolver a situação, exigiram a convocação da Assembleia dos Estados Gerais, que se reuniu em maio de 1789.
Nessa assembleia, além de membros do 1º e do 2 estado, também participaram representantes do 3º estado. Cada estado tinha direito a um voto e o 3º estado ficou em desvantagem mais uma vez. Mais uma vez, a reforma fiscal da França não foi aprovada.
Como começou a revolução?
Os primeiros sinais da revolução começam em 5 de maio de 1789 (data da Assembleia dos Estados Gerais).
Mas a revolução começou oficialmente com a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789. A população francesa, revoltada com o resultado fracassado das assembleias, invadiu a Bastilha. Esse acontecimento é o começo da queda do regime absolutista na França.
O evento se tornou o símbolo do começo da Revolução porque a Bastilha era uma representação importante do regime absolutista: a prisão para onde eram mandadas as pessoas contrárias ao absolutismo.
Quais são as 3 fases da Revolução Francesa?
1. Monarquia Constitucional ou Assembleia Constituinte (1789-1792)
O período da Monarquia Constitucional foi marcado pela publicação da importante Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789.
Fundada nos princípios de liberdade, fraternidade e igualdade, a declaração previa:
- igualdade de direitos entre todas as pessoas;
- proteção dos direitos naturais dos cidadãos;
- direito à resistência à opressão;
- direito à propriedade privada;
- participação dos cidadãos na criação das leis;
- livre expressão de ideias e opiniões;
- garantia de julgamento e prisão justos.
A declaração foi importante não só para França, mas para boa parte do mundo e serviu como base para a criação de outros documentos importantes como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
Conheça mais sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Depois do desfecho fracassado da Assembleia dos Estados Gerais, os deputados do 3º estado resolvem declarar uma Assembleia Constituinte no mesmo ano, que resultou na publicação da Constituição Francesa em 1791.
Foi a primeira Constituição Francesa, que oficialmente transformou a França em uma Monarquia Constitucional, que durou até 1792. O rei Luís XVI ainda governava, mas agora tinha menos poderes e devia obedecer à Constituição.
Além de acabar com o governo absolutista, a Constituição também cortou alguns privilégios do clero e da nobreza.
2. Convenção ou Período do Terror (1792-1795)
Nesse período os revolucionários já não estavam mais de acordo com o andamento da revolução e acabaram se dividindo em dois grupos: os jacobinos (trabalhadores e baixa burguesia) e os girondinos (alta burguesia).
A principal diferença entre esses dois grupos é que a alta burguesia desejava ter mais poder (econômico e político) e os trabalhadores queriam menos desigualdade social (mais trabalho e condições dignas).
Os jacobinos eram mais radicais e assumiram o governo entre 1793 e 1794, iniciando a República Jacobina. Eles conseguiram promover algumas conquistas para o povo em direitos importantes, como o fim da escravidão e do voto censitário (o voto baseado na renda).
Mas o governo jacobino era muito radical em seus posicionamentos e ganhou contornos de uma ditadura. Cerca de 35 mil pessoas foram guilhotinadas nessa fase por serem consideradas traidoras da revolução.
Por isso, o período ficou conhecido como o Terror e começou a perder apoio popular. O líder dos jacobinos, Maximilien Robespierre (1758-1794), acabou condenado à execução em 27 julho de 1794. A data é conhecida como Golpe do 9 de termidor e marca o fim do período do Terror.
3. Diretório (1795-1799)
A última fase da Revolução Francesa começou quando os girondinos assumiram o poder. Eles retomaram políticas antigas e retiraram alguns direitos conquistados pelos jacobinos.
O povo não se conformou com as mudanças feitas pelos governantes da alta burguesia, o que causou algumas revoltas populares.
Com falta de apoio, o governo girondino começou a enfraquecer. Napoleão Bonaparte (1769-1821), que era membro do exército, foi chamado para contornar a situação.
Napoleão deu um golpe, conhecido como 18 de Brumário, e assumiu o governo da França, e esse momento marcou o fim da Revolução Francesa.
Apesar das controvérsias em seu governo, Napoleão conseguiu dar um pouco de estabilidade financeira e econômica para a França.
Características mais importantes da Revolução Francesa
As características mais importantes dos dez anos de revolução são:
- a revolução foi popular, o povo lutou pelo fim do absolutismo;
- teve grande influência das ideias do Iluminismo;
- apesar de ter acontecido na França, a revolução influenciou o mundo todo;
- diferença de interesses entre os revolucionários;
- foi fundamental para a criação de direitos sociais e individuais com a criação da Declaração Universal dos Direitos do Homem.