A meritocracia define que as conquistas de uma pessoa resultam dos seus próprios méritos, medidos pela capacidade de dedicação e esforço.
A meritocracia funciona com a atribuição das conquistas de uma pessoa (sejam elas profissionais, pessoais ou sociais) ao seu mérito pessoal. Todas as recompensas e as conquistas obtidas são baseadas no esforço pessoal realizado.
O significado de meritocracia, que atualmente é explicada dessa forma, foi modificado ao longo dos anos. Quando a expressão foi usada pela primeira vez, ainda na década de 1950, era uma crítica aos padrões educacionais que uniformizavam os resultados do ensino nas escolas.
A meritocracia no Brasil
Para alguns especialistas - como o professor Sidney Chalhoub e o filósofo John Rawls - a meritocracia pode ser um sistema pouco justo em países como o Brasil. Quando existe muita desigualdade social esse sistema só representaria a realidade do país se as pessoas avaliadas quanto à meritocracia tivessem as mesmas oportunidades e condições sociais.
É com essa justificativa que explicam a razão de não considerarem a meritocracia adequada aos países com altos índices de desigualdade social, como é o caso do Brasil.
Por exemplo: nos países desiguais parte da população não consegue acessar direitos como educação e saúde. Por isso, a meritocracia seria uma avaliação injusta, já que os resultados comparados seriam de pessoas que vivem em contextos sociais desiguais.
É importante saber que essa análise não desqualifica as conquistas ou esforços de uma pessoa. A recomendação é analisar o contexto social - e não somente o empenho individual - para proporcionar uma avaliação mais completa.
O historiador Sidney Chalhoub (professor da Universidade Harvard) explica que a falta de observação do contexto histórico e social apenas prolongaria as desigualdades que já existem na sociedade.
Breno Paquelet (consultor e professor de negociação) reforça a importância da análise ampla dos contextos em que as pessoas estão inseridas para avaliar suas trajetórias de vida e conquistas pessoais. O professor explica que a análise sem a consideração do contexto "torna simplista uma questão complexa".
Para entender mais sobre o assunto, leia sobre a desigualdade social no Brasil.
Qual a origem da meritocracia?
A expressão meritocracia foi usada pela primeira vez no final da década de 1950, com a publicação do livro The rise of the meritocracy (A ascensão da meritocracia), de Michael Young.
A expressão foi criada como referência a um sistema de ensino que, segundo o autor, colocava em evidência as desigualdades entre os estudantes.
Michael criticava o sistema de ensino britânico que considerava as aptidões - méritos - como fator principal de sucesso e bons resultados obtidos pelos estudantes.
Assim, autor criou o termo meritocracia como uma crítica ao sistema. Para ele, a análise baseada apenas no mérito não era eficiente porque não considerava as diferentes características ou situações dos alunos.
Etimologia da palavra meritocracia
A palavra deriva de duas expressões do latim: meritum (mérito) e cracía (poder), sendo o mérito definido uma qualidade que torna uma pessoa digna de reconhecimento por suas atitudes. Dessa forma, a palavra pode ser traduzida como poder do mérito.
A meritocracia nas empresas
Já na meritocracia empresarial, o conceito é visto de forma positiva. Em algumas empresas entende-se que o sistema meritocrático valoriza as pessoas por seus esforços, para destacar, por exemplo, altos índices de produtividade, resultados ou motivação pessoal.
Essa ideia de meritocracia é aplicada nas organizações através da análise dos impactos da motivação e da produtividade. A partir disso, os funcionários podem receber benefícios, como uma promoção na carreira ou um bônus financeiro.
O consultor empresarial Sério Mansilha explica que na meritocracia empresarial, a ocupação de cargos e o valor dos salários é determinado pelas características profissionais e pessoais do funcionário. São exemplos: avaliação de esforços, resultados obtidos e performance no trabalho.